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escritos desses teóricos, desses hábeis paladinos da arte de governar e de

maximizar, utilitariamente, o poder, justificando, assim, seu classicismo.

A governança do poder, no poder e pelo poder representava e

representa meio e fim da política internacional que, muitas vezes, não se

diferencia muito do contexto futuro nas primeiras décadas do século XXI.17

Para Richelieu e Mazarin, a corte foi o ambiente propício de observações

e estudos minuciosos sobre a arte de lidar com as ambições humanas no

absolutismo francês do ancien régime, enquanto que o estamento real dos

Bourbons vai ser substituído, por Gracián, por uma unidade de análise

mais ampla: a própria vida humana em sociedade nos mais diversos

cenários. O barroco-conceptista jesuíta é bem presente ao longo das

páginas deste livro. Mais: é a referência sobre as Relações Internacionais

com sua malha densa de preferências e escolhas interpessoais múltiplas,

sendo hierarquizadas por meio de uma agenda de estratégias.

Logo devemos alertar que este não é um escrito de aconselhamentos

à maneira de aforismos nem tampouco de autoajuda prêt-à-porté sobre

a arte de descrever, explicar, prever e prescrever normativamente a

ciência das RI que tende a visualizar a entropia relativa como presente no

comportamento externo.18 Este é um livro, portanto, de convites; este é

um livro que sugere mergulhos provocativos e redefinições.

O presente livro é apenas um primeiro passo, um convite à reflexão

de longo curso – e por isso mesmo muito me estimulou a máxima de

Lao Tse: “uma jornada de mil léguas se inicia com um simples primeiro

passo”. Urge, portanto, desconstruir, ressignificar e reconstruir sobre

a cientificidade da interação internacional.

Explicação:Não confia